segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Os Vínculos do Amor no Casamento"

Embora o amor romântico possa proporcionar momentos de relacionamento espetacular, não é garantia de sucesso. Não tem o poder de fazer com que duas pessoas permaneçam juntas para sempre. Algo mais é necessário. A palavra de Deus tem uma receita para fortalecer o casamento, tornando-o duradouro e feliz.
1. Um bom casamento envolve entrega
O primeiro vínculo se acha em uma afirmação que Jesus fez sobre o casamento. Toda vez que lhe faziam perguntas sobre divórcio, ele falava mais sobre o casamento. Ele sabia que o casamento exigia mais do que boas leis para manter as pessoas casadas. Por isso o Mestre recordou um conceito do A T, que diz o seguinte: "Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa" (Mt 19.5).
O verbo "unir", nesta afirmação de Jesus, significa na língua hebraica "aderir", "ligar", "colar". É o que acontece a dois pedaços de argila ou madeira que se ligam um ao outro.
O marido, portanto, "se liga" à mulher, une-se a ela, vive com ela, permanece a seu lado. A afirmação de Jesus não se refere apenas à união sexual; vai muito além disso. Na verdade, o verbo "unir" significa entrega. E entrega total.
Essa entrega mútua é o mais forte adesivo no âmbito do casamento. É uma coisa profundamente pessoal. Cada cônjuge entrega o corpo, seus pensamentos íntimos - enfim, tudo, a seu parceiro. Nada é retido. Em razão disso Jesus afirmou: "Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu".
Embora cada cônjuge deva "entregar-se" sem reservas a seu companheiro, não perde a sua individualidade, pois essa entrega é resultado do amor verdadeiro que não é cego, apaixonado, irracional. Por isso, o exercício da vontade permanece intacto.
2. Um bom casamento envolve amor semelhante ao de Cristo
Esse tipo de amor é diferente do amor romântico. O amor romântico baseia-se na fantasia, já o amor semelhante ao de Cristo é realista, mas nem por isso deixa de ter sabor. O amor verdadeiro não leva em conta as faltas do parceiro. É cheio de misericórdia e paciência. (Paulo o descreve em 1 Co 13. obs.: Os comentários entre parênteses são meus).
O apóstolo Paulo aconselha os maridos da seguinte maneira: "Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e deu a sua vida por ela" (Ef 5.25). A idéia de sacrifício está incluída nesta entrega.
Jesus amou tanto a igreja que se ofereceu como sacrifício para torná-la feliz e vitoriosa. Na esfera do matrimônio, o amor é capaz de fazer sacrifícios.
Quando me converti, tive o privilégio de conhecer um casal de idade avançada. A mulher, apesar de enrugada e paralítica, dava a impressão de que, na juventude, fora muito bonita. Agora, porém, vivia numa cadeira de rodas, sempre dependendo do esposo. Mas o que me impressionou foi a bondade e o amor do marido. Com todo o carinho e disposição, ele a levava de um lado para o outro, suprindo-lhe todas as necessidades.
Fazia sacrifícios, mas com o máximo prazer, para que a mulher se sentisse apoiada, segura e feliz. Ele a amava profundamente, pois tinha no coração uma centelha do amor de Cristo.
3. Um bom casamento envolve amor físico
O terceiro vínculo do amor relaciona-se com a parte sexual. Trata-se de um elemento importantíssimo. Se não fosse assim, Jesus não teria dito:
"E os dois se tornam uma só pessoa".
O casamento é uma união completa de duas pessoas. Suas vidas e corpos estão unidos intimamente. Isaque, filho do patriarca Abraão, tomou a Rebeca "e levou Rebeca para a barraca onde Sara, sua mãe, havia morado, e ela se tornou sua mulher. Isaque amou Rebeca..." (Gn 24.67). A atração física que existe entre os cônjuges é algo sublime e foi estabelecido pelo Criador. No livro de Cantares de Salomão há algumas declarações de amor muito interessantes. Por exemplo: (ele)"Mostre-me o seu rosto; deixe-me ouvir a sua voz, pois a sua voz é suave e o seu rosto é lindo" (2.14); (ela)"é doce beijar a sua boca, e tudo nele me agrada. Assim é o meu amado, assim é o meu noivo" (5.16). (Todo o livro de Cantares tem por objetivo exaltar o amor conjugal/sexual).
O sexo, todavia, não pode ser visto como um fim em si mesmo. Muitos casamentos caem por terra em virtude de o sexo ser tido como a única razão do matrimônio. A parte sexual, no entanto, pode contribuir muito para fortalecer o casamento quando é vista como um dos meios providos pelo Criador para construir a felicidade do casal. (Para a teologia da igreja católica sexo serve só para procriar, gerar filhos. Não é isso que Paulo escreve, ao dizer que marido e mulher têm o dever de ceder um ao outro o que cada um tem direito: sexo, como fator de união: 1 Co 7.3).
E cabe aqui uma advertência de Jay Adams, autor do livro Competente Para
Aconselhar: "Esposos e esposas que têm dificuldades em suas relações sexuais, muitas vezes descobrem que muitos dos seus problemas à noite são causados por dificuldades que ocorreram durante o dia e que não foram devidamente resolvidas"(Esta área, se não for devidamente esclarecida e tratada, pode gerar muitos conflitos conjugais).
(O homem necessita de sexo, enquanto a mulher com palavras românticas pode se satisfazer).
As relações sexuais, em vez de criarem embaraço e frustração, devem ajudar a promover um casamento feliz.
Os três vínculos do amor mencionados anteriormente só podem existir se houver uma boa comunicação entre marido e mulher. Importante aspecto de um casamento feliz é o desenvolvimento da habilidade de comunicar-se.
Gastamos 70% de nosso tempo em comunicação: falando, ouvindo, lendo ou escrevendo; 33% desse tempo é gasto em conversação. "Esse elemento de nosso tempo é muito importante, pois mantém as pessoas unidas em seu relacionamento"(Nesta área, a comunicação, os homens em geral têm muita dificuldade).
Não adianta as esposas criticarem os maridos por não saberem conversar; elas precisam descobrir maneiras de estimular a comunicação, que é área na qual elas têm bem mais facilidade. Críticas não resolvem, elas levam os maridos a se enfurnarem mais em sua "caverna" (Como diz John Gottman em Casamentos "soluções da noite para o dia não existem").
Mas conversar por si só não resolve todas as dificuldades. Por isso recomendamos:
1. Escolha a hora certa para comunicar-se com seu parceiro. Às vezes uma boa noticia ou idéia cai no vazio porque o momento não é apropriado. Há tempo para falar e tempo para ficar calado;
2. Desenvolva um tom de voz agradável. A maneira como falamos é mais importante do que o que falamos. Deve haver mel na voz;
3. Seja claro e especifico. Diga com clareza o que pensa. Nada de rodeios, que podem gerar dúvidas e desconfiança;
4. Seja positivo. Em muitos lares 80% da comunicação é negativa. É fundamental saber apreciar;
5. Respeite as opiniões de seu parceiro. Você deve fazer isso até mesmo quando discorda do seu cônjuge (muitas vezes não sabemos discutir problemas sem agredir, chantagear, fazer-se de vítima, virar "muro de pedra" (homem), chorar (mulher)...!).
6. Seja sensível às necessidades e sentimentos do seu companheiro. Seja paciente ao responder ao que ele ou ela diz.
7. Desenvolva a arte da conversação.Comunicar significa "fazer-se entender". A palavra comunicação vem do latim communicare, que quer dizer tornar comum, partilhar, trocar opiniões, conferenciar. A vida matrimonial requer este tipo de comunicação. Marido e mulher partilham o que cada um sente e deseja, pois o amor - sob a influência dos três vínculos - penetra e abarca todas as coisas.
O amor constrói pontes que, por sua vez, permitem o fluxo de um bom entendimento mútuo. O amor, nunca falha, mesmo na mais forte tempestade.


Arlindo Barreto é pastor, teólogo, presidente do Ministério dos Artistas de Cristo, missionário, doutor Honoris Causis em Ciências da Religião e ator. Na década de oitenta, foi conhecido por interpretar o palhaço Bozo. Atualmente, tem um novo personagem: Mr. CLOWN - o Embaixador do Reino de Deus.

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